quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Observações da padoca, parte I (ou algo assim)


E tem essa gordinha, sabem? Normalmente me amarro numa gordinha, mas essa dai é tão imbecil que chega a ser brochante, sinceramente não consigo apreciar eventuais atributos dela. E olha que eu realmente gosto de uma gordinha, sempre defendi que a mulher tem que ter sustância para aguentar a pegada. Ok que também me amarro nas magrinhas, baixinhas, altas, cheinhas, até as bem magrelas tem seu charme se tiverem estilo, também não descarto mulheres mais novas, mais velhas, loiras, morenas, japas, ruivas, mulatas, destras, canhotas, de cabelão, ou cabelo curtinho, ou corte channel, preso em tranças, repicado, mas enfim, quem come de tudo nunca passa fome...he he he...voltemos à gordinha.
Tenho esse “posto de observação” do café da manhã, na padoca embaixo do apê e dali acompanho o movimento da rua bem cedinho. Bom, umas semanas atrás estava lá só sacando a rua e detonando meu pingado com pão na chapa – o café da manhã dos campeões! – quando a vejo, uma figura loira-farmácia, cabelo a meio caminho entre orelha e ombros, meio gordinha, baixinha sem ser anã, já batendo nos seus trinta e tantos anos, descendo a rua aos pulinhos (caras, como me irrita gente que corre assim!), correndo e olhando pra trás a cada dois ou três pulinhos, sem saber se olha pra trás, olha pra frente, segura a bolsa, segura os peitões que tentam saltitar pra fora da blusa, ajeita o arquinho nos cabelos, agarra o chaveiro gigante em forma de boneca de pano, segura o celular, se arruma o cabelo, se olha com cara de tonta pra frente ou se dá sinal pro ônibus que vem vindo lá atrás.
No dia não dei muita atenção, saquei o naipe da figura pensando que devia ser um atraso ocasional, e logo esqueci dela. Até o dia seguinte. E o dia depois. E o outro. E durante as últimas semanas, o ritual se repete em bases quase diárias, lá vem ela correndo aos pulinhos, e olhando pra trás de meio em meio segundo, sempre correndo pra chegar no ponto em cima da hora que passa o seu maldito ônibus – quase aplaudi na última quinta-feira, quando o motorista passou reto, ignorando o braço esticado dela.
E que porra, será que custa muito sair de sua maldita casa uns dois minutos antes, pra evitar essa cena ridícula de pulinhos e coisas caindo, e se segurando toda? Ok, ok, sei que de repente não é tão simples assim, de repente tem uma desculpa do tipo “a perua escolar do meu filho passa todo dia exatamente em tal horário”, ou algo mais esdruxulo do tipo “minha mãe se caga toda todo dia no mesmo horário e tenho que limpar a velhinha esclerosada”, mas enfim, foda-se, não tem desculpa para a corridinha aos pulinhos matinais, já que andei reparando e a retardada pode pegar ao menos QUATRO LINHAS DIFERENTES!! Sério, ela deve descer da porra do ônibus em menos de cinco minutos, por que já a vi pegando ônibus de diferentes linhas, que descem minha rua toda, até seguir cada um prum lado.
Sabem o que acho? Ela é daquelas vacas preguiçosas que gostam de ficar até o ultimo minuto enrolando pra sair e vendo algo idiota na TV (huum, aposto que é daquelas que assina BBB!), e que fica na janela de olho pra ver quando o ônibus faz a curva lá no começo da rua, pra só daí sair de casa. Já saquei, pelo ponto onde ela aparece na rua, o predinho onde ela deve morar. E sabem o que é pior? Tem um ponto de ônibus ainda mais perto do que o que fica em frente à padoca, bastaria ela subir a rua ao invés de desce-la para evitar essa corridinha ridícula!
Não que eu esteja torcendo pra isso, mas de alguma forma algo me diz, do fundo do meu coração canalha, que essa imbecil ainda vai tropeçar pra valer no meio do caminho, se estabacando no meio da rua.

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