Dois velhos parceiros de botecos sujos conversavam na área reservada aos fumantes de um dos nossos antros favoritos, quando percebi uma loira trintona, meio escondida pelas sombras do lugar, esticando olhares languidos em direção ao meu parceiro-no-crime.
" Disfarça, meu velho, mas tem uma dona ali atras que parece interessada em sua pessoa."
Ele, calejado pela vida noturna tanto quanto eu, discretamente olhou em volta, se deparando com o olhar sedento da referida trintona. Mantendo o ar estoico, completou a passada de olhos pelo lugar e posicionando-se de costas para ela, balançou a cabeça de forma negativa e disse:
"Não dá, Chuck, essa daí esta passada demais pra mim!"
"Perai, como assim passada? Ela deve ter seus trinta e poucos, sendo talvez uns dez anos mais nova do que nós dois..." - disparei, estranhando a resposta.
"Não é só a questão da idade..." - disse ele, interrompendo meus protestos. - "Olha bem pra cara dela, pro olhar pesado, quase desesperado...dá pra perceber que se colar ali não terei problemas para arrancar uns amassos, provavelmente até uma trepada, mas ja saquei que com as caricias vai vir um turbilhão de reclamações da vida, de neuroses, recalque e problemas de todo tipo, e sinceramente não ando podendo com esse tipo de aborrecimento."
Foi ai que captei uma das grandes verdades da noite - muitas vezes as musas questionáveis que cruzam nosso caminho não valem a pena, não por motivos estéticos, mas por carregarem com si tanto blá-blá-blá, tanto mimimi, que fazem a noite mais quente simplesmente não valer a pena.
Não que isso algum dia tenha me impedido, certo? he he he
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