E um belo dia toca o celular e é uma velha conhecida, de outros carnavais deliciosos; conversinha mole pra cá, conversinha mole pra lá, como se os últimos contatos entre os dois, regados a xingamentos, urros de raiva e ameaças de castração, não tivessem acontecido; “vem me ver”, diz a moçoila de seios fartos e belos olhos, tentadora como uma versão metal-queen da mulher que fodeu com Adão, a.k.a. Eva; “vamos nos ver, estou com saudades de você...” diz ela com aquela voz derretida de pura lascívia, uma mais do que perfeita fêmea no cio. Ele diz que não pode, que está tentando resolver as coisas em casa com a patroa, tentando ser um pai de família bacaninha pros seus filhos, etc e tal...
Ela insiste, se derrete,geme, grita e pede pra vê-lo, dizendo que não se importa em ser a outra, que a ideia de uns tempos pra cá até lhe dá mais tesão e vontade de pecar...o sujeito se nega, resiste, diz que está tentando fazer as coisas do jeito que a sociedade católica-machista-ocidental manda, que está até indo pra igreja pra tentar cavar uma vaga no próximo bonde de canonização.
E ela insiste...e ele resiste...mas ela insiste ainda mais ..e ele resiste mas nem tanto...ela aperta, insiste, descreve em detalhes tudo que quer fazer com o sujeito, e o tonto acaba deixando de lado qualquer tentativa de bom-mocismo, de se manter fiel ao papel que se espera dele. E o encontro rola. Barba, cabelo e bigode, ypsilone-duplo, salto carpado e demais malabarismos, horas e horas de calor e pegação no melhor motel da Raposo Tavares.
Depois disso a morena-tropicana cheia de sabores e perdições desaparece, sem deixar sinal, como se tivesse saciado todo seu desejo naquela única tarde.
Dois meses depois, chegam dois daqueles envelopes pardos que parecem saídos de um filme de espionagem na guerra fria.
Um pro escritório bem mobiliado dele, com o resultado (positivo) de exame de gravidez dela.
Outro pra loja da esposa dele, com umas duas dezenas de fotos, dos mais diversos ângulos – o pecador e a tentadora se encontrando, ela entrando no carro dele, eles entrando no motel, eles saindo, se despedindo com um beijo de desentupir pia. Isso sem falar nas próprias fotos da bolinagem ilimitada em si, tiradas não se sabe como dentro da suíte do motel.
Não, meus camaradinhas, não se trata de uma carta de fórum de revista de mulher pelada. Uma tristeza, não? Mas a mais pura verdade, pode acreditar.
Puta que pariu!!!
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