quarta-feira, 29 de junho de 2011

Constatações da janela do trem - parte VII

No térreo do prédio onde moro tem uma padaria, não dessas mega-padarias afrescalhadas, mas uma daquelas padocas bem simples, a um passo de virar um boteco – o lugar ideal para eu encostar meu traseiro e ler o jornal do dia, enquanto tomo um pingado com um pão na chapa, eventualmente um pão-de-queijo (essa minha mania de pão-de-queijo deve ter algo a ver com algumas musas questionáveis mineirinhas que já cruzaram meu caminho...he he he...).

E é dessa padaria que as vezes me pego xeretando pequenas cenas da vida alheia, vejo gente esperando ônibus, ou passando apressada pro trabalho, alguns ônibus lotados e todo tipo de gente. E hoje me peguei vendo uma jovem mãe (e que madrecita deliciosa, meus amigos!!) com sua filhinha de uns 4 ou 5 anos (sempre fui péssimo para adivinhar idades, especialmente de crianças) – a menininha com seu uniforme e suas tranças no cabelo, sua mãe (talvez uns 25 anos, talvez mais) com seus cachos ruivos (parem as máquinas, pelas sardas na pele delirantemente branquinha e pela cor do cabelo trata-se de uma ruiva legítima!!!) domados num corte na altura das orelhas, ambas agasalhadas com pesados capotes, cachecóis e gorros, e enquanto esperavam seu ônibus brincavam com um daqueles jogos típicos das meninas, com direito a cantiga, tapinhas de mão em mão (escravos de Jô é o que me vem a mente, mas ainda brincam disso?!?!), e elas riam a cada parada (imagino que cada vez que uma mão “perdia” ou algo assim) e pareciam não se importar com o mundo ao seu redor, nem com o frio, nem com a demora do ônibus. O tipo de cena que me parece sempre em câmera lenta, com a câmera meio esfumaçada, como se vista à partir de uma janela envolta em neblina.

Não sei bem, mas acho que não vi uma aliança naquela mão esquerda, e não vi sinal de que a tal aliança fizesse falta – seria um caso de single mammy, ou de mãe separada criando sua filha, ou talvez haja um marido que não pode acompanha-las (ou quem sabe um vagabundo preguiçoso demais para levar a própria filha à escola??).

Anyway, acho que é uma cena a ser preservada, mesmo que o mundo acabe jogando contra.

ou

Tio Chuck está ficando velho...he he he...qual será o telefone da jovem madrecita ruiva?

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