domingo, 25 de agosto de 2013

Cena de uma manhã chuvosa

Na verdade a cena não se passa bem numa manhã, mas sim na hora do almoço, mas como o titulo do post iria ficar muito longo se fosse " Cenas de um começo de tarde por volta do 12h30" ficaria muito estranho até mesmo para os padrões deste blog, semi abandonado mas ainda resistente, resolvi me permitir uma certa "liberdade poética".

Tudo começou umas semanas atrás, num elevador apertado na hora do almoço; mesmo sem querer, foi inevitável ouvir os lamúrios e impropérios. Mas vamos por partes: os "personagens" são um desses jovens casais irritantes, que não se destacam pela beleza, muito pelo contrário, o sujeito com aquela cara de infeliz, de quem se sujeita a aguentar uma mala reclamona na sua orelha o dia todo em troca do assim chamado amor, e a garota com cara daquelas filhas da puta que acham que a mulher só é feliz quando inferniza a vida do seu "morecuxo", arrastando na lama toda e qualquer noção de dignidade. Por força de um horário de almoço semelhante, eu já tinha sacado esses dois, o otário e a megera, os dois na casa dos seus vinte e pouquissimos anos, coincidentemente duas figuras magrelas. Um verdadeiro casal de suricatos.

E a pequena megera, sem se importar do elevador estar lotado de conhecidos e desconhecidos, seguia ralhando com seu namorado/noivo/whatever reclamando por ele ter cometido a gravíssima falta de sair pro almoço sem pegar um guarda-chuva, que onde já se viu isso, que ele nunca pensa em nada, que ela tem que pegar tudo, que aposto que esta chovendo lá fora, que ele era mesmo um inútil, e blá-blá-blá...

E assim descemos algo como dez andares, parando que nem trem de metrô; mesmo sem ve-los, podia facilmente imaginar o sujeito se curvando, humilhado, ou mesmo encolhendo como um personagem de cartoon.

Chegamos no térreo, e todos desceram do elevador, visivelmente aliviados em não ter mais que compartilhar daquela patetica cena. Mas, como este que vos fala gosta de ver a merda desandar de vez, fiquei por perto, e fui seguindo o casalzinho, que logo parou na porta do prédio. Na real, a jovem megera parou, e olhando com uma cara de fúria irracional, gritou com o otário algo como "tá vendo, num falei que estava chovendo?!?! Seu inutil, agora vou ter que voltar pra pegar a minha sombrinha, se vocÊ me ouvisse...blá-blá-blá...

E o otário ficou lá parado, debaixo de uma garoa fininha, bem fininha, dessas que nem molham direito, enquanto sua amada megera voltava para o saguão de entrada do prédio, batendo o pé e fazendo cara de limão chupado.

Segui em frente, e ao passar por ele não pude resistir: olhei bem pra cara do sujeito, e balançando a cabeça soltei um tsc-tsc-tsc...acredito que contribuindo para aumentar a humilhação do otário. Que aliás, merece se foder mesmo, já que se sujeita a passar por esse tipo de situação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário