domingo, 13 de janeiro de 2013

Eis que surge uma nova musa questionável


Ontem voltei àquele que foi, tempos atrás, um de meus botecos favoritos, um lugar onde já passei horas e horas, as vezes bebericando de leve, as vezes bebendo pesado, as vezes só, as vezes com uma de minhas musas questionáveis – ora diabos, pensando bem, a situação que vivi e que me levou a criar este blog aconteceu exatamente nesse pardieiro, ora vejam só!
Mas estava lá, apreciando a decadência do lugar, não que me incomode, até gosto de lugares decadentes, afinal de contas combinam comigo, mas o lugar decaiu demais; da antiga equipe (ou staff, como diriam alguns fresquinhos de plantão) sobrou apenas o chefe dos seguranças, uma figura mal-encarada a principio, mas pra lá de simpática quando você se torna figurinha carimbada do lugar. Um sujeito desses saca logo quem vai dar trabalho e quem vai ficar na manha, e faz questão de receber bem estes últimos. Servindo as mesas, duas ou três moças simpáticas mas sem grandes atrativos (ah, saudades dos tempos da 19...he...he...he...) e atrás do balcão, preparando drinks e servindo bebidas, um sujeito meio afetado e a mais nova candidata a musa questionável. Ah, Chuck, você não aprende mesmo...
Uma garota, no meio dos seus vinte e poucos anos, calça jeans preta agarrada, um daqueles cintos de headbanger, calçando botas que só fui ver horas mais tarde, uma camiseta do Jack Daniels (perfeita, não? Uma delicia usando uma camiseta de whiskey!), camisa de flanela meio grunge, um corpo deliciosamente no ponto, nem gordinha, nem daquelas magrelas cheias de ossos, com curvas nos lugares certos, um bumbum e um par de peitos apresentáveis, mas sem grandes destaques. Seu cabelo, liso e preto, cortado à altura dos ombros, cercavam seu rosto – e foi ai que minha casa caiu e pensei “Acho que estou apaixonado...he...he...he...”; dizer que a garota, apesar de muito bonita, tinha cara de poucos amigos, é pouco, na verdade ela trabalhava com a cara fechada, cara de brava mesmo, sem ficar de risinhos e saramaleques com os bêbados e biscates que pediam as bebidas. E caras, se tem uma coisa que deixa o Tio Chuck aqui maluco é mulher com cara de brava.
Daí fiquei por lá, observando-a a distância, no meu canto do balcão, e bebericando. Depois de um tempo, pedi mais uma dose, ela respondendo seca, sem olhar direito nos olhos, palavras protocolares, marca, on the rocks ou cowboy, com tônica ou sem, enfim. Reparei que a cada hora ela tinha uma folguinha, banheiro, cigarro, algo assim. E numa dessas escapulidas dela fui atrás, já sabendo pelo cigarro na mão dela que seu destino era o fumódromo. Nessa primeira escapada me limitei a um aceno de cabeça, sabendo que ali não adiantava apertar o cerco. Depois que ela entrou de novo no boteco, dei uns minutos antes de entrar, para que ela não pensasse que eu a estava seguindo ou algo assim. Na segunda saída dela pra fumar fiquei no balcão, sem pressão nela. Na terceira, já sacando que se aproximava a hora da paradinha dela, resolvi dar minha cartada, peguei minhas coisas e sai antes para o fumódromo, deixando-a ver bem o que eu estava fazendo. Sabia que se ela, por algum motivo, quisesse me evitar iria adiar o cigarro dela, mas não me surpreendi ao vê-la abrir a porta do fumódromo improvisado na calçada. Olhares cruzados, me ofereci para acender seu cigarro e trocamos meia dúzias de palavras, nada demais. A expressão ao atender no balcão continuou fechada, mas pelo menos ela já me olha nos olhos e já sabe como gosto da minha bebida. Durante o resto da noite, trocamos impressões sobre a vida e números de telefone.
Claro que adoraria dizer que acabamos nos entendendo e que ela acaba de sair daqui de casa depois de metermos a noite toda, mas não seria honesto nem real. Na verdade acabei de ligar pra ela, apenas para perguntar como estava o domingo, desejar uma boa semana e talz. Só isso. Por enquanto...he...he...he...por enquanto...

Nenhum comentário:

Postar um comentário