terça-feira, 21 de agosto de 2012

Vai bancar o conselheiro, Chuck, vai!


Acho que ontem perdi uma das minhas musas questionáveis – não que vá fazer muita falta, mas é sempre chato magoar alguém. Sabem, ela é legal, é mais uma dessas doidas wickas/macumbeiras/sacerdotisas/sei-lá-mais-o-quê que cruzaram meu caminho (fala sério, eu pareço ser algum tipo de para-raios para esse tipo específico de maluca) mas ela é gente boa mesmo, fonte  de umas cinco ou seis noites de prazeres bem proveitosas por ano, isso sem contar alguns telefonemas aham, calientes nas madrugas, enfim, uma presença sempre agradável – e até o último domingo, sem maiores dores de cabeça.
E pior que tudo que tentei fazer foi abrir os olhos dela pra vida. Humpf, quem manda ser bonzinho?
Explico, ou como diriam os mais letrados, contextualizando a cena: ela é uma quarentona, embora eu não tenha muita certeza da idade dela, afinal de contas um canalha contumaz como eu nunca cometeria a gafe suprema de perguntar a idade de uma musa questionável, mas calculo que ele seja uns dois ou três anos mais velha do que eu, o que a deixa talvez nuns 46 anos. Separada, vive a anos da pensão que recebe do ex-marido por conta dos dois filhos pós-aborrescentes, passa as manhãs enfiada numa das melhores academias de ginástica da região da Rebouças (devo confessar que com resultados simplesmente deliciosos...he he he), a tarde fica de rolê em shoppings, eventualmente faz algum cursinho (útil-pra-caraleo) de Confeitaria para donas-de-casas ou algo que o valha, ou se joga nos braços de algum dos seus amigos de fueda, como este que vos fala. Volta e meia aparece com alguma ideia maluca de sociedade com alguma amiga tão encostada quanto ela, ou com algum amigo dela de centro/seita/culto/sei-lá-o-quê, mas sinceramente nunca vi nenhuma dessas ideias de sociedade decolarem. E olha que costumo come-la em bases regulares a pelo menos uns cinco ou seis anos.
Mas vamos lá, a trágica perda; estávamos na madruga de sábado pra domingo naquele madorrento momento pós-coito, ela tentando enrolar ainda mais os pelos do meu peito, e eu tentando achar um jeito de manda-la pra casa pra poder dormir o resto da manhã de domingo. Lá pelas tantas, ela começou a reclamar da vida, que estava sem rumo profissional, e que lamentava por ter aberto mão dos estudos e da carreira na época de casada, que foi na onda do marido opressor, e blá-blá-blá, etc, etc, etc, e mais blá-blá-blá..., o pior é que venho escutando essas mesmas reclamações a pelo menos umas cinco ou seis trepadas, é sempre a mesma coisa, metemos que nem loucos por duas ou três horas, depois ela entra nessas crises de quem não tem o que fazer...ah, caras, não aguentei. Falei pra ela, do jeito mais cuti-cutis possível, que ficar choramingando por conta disso era uma atitude bem pouco digna, que ela devia agradecer aos céus pelos filhos saudáveis que tem (alias, pelo que andei vendo, a filha mais velha dela anda bem saudável no alto dos seus 19 aninhos...he he he...), que ao invés de ficar matraqueando ela poderia tentar estudar pra valer para um concurso (um dos projetos inventados nos últimos tempos), ou batalhar umas entrevistas de emprego com algum dos amigos habituais dela, se precisasse de ajuda com CV ou algo assim eu estava a disposição.
Pronto, a mulher surtou! Começou a despejar que  na idade dela era complicado se realocar, que ela já tinha tentado entrevistas, que não era fácil como eu pensava...resumindo meia hora de esbravejamentos: eu sou um canalha arrogante insensível e ela saiu batendo a porta do meu apê como se quisesse rachar minha cabeça. Também, quem mandou eu sugerir que ela gastasse menos tempo na academia e mais tempo lendo os cadernos e sites de empregos?
É, é uma pena mesmo, realmente vou sentir falta de toda aquela elasticidade e do corpo maduro porém durinho cultivado em anos e anos de academiazinha.