sexta-feira, 16 de março de 2012

História do fundo da merda, volume I

Estava aqui em casa ontem, bebericando o final de mais uma das inúmeras garrafas de whiskey que passaram por minha vida, e ouvindo alguns dos velhos blues, quando entre uma música e outra um verso (ou seria estrofe? Ah, foda-se) de uma velha canção do Barão Vermelho (ou seria do Cazuza? Ah, foda-se 2) cruzou minha cabeça...me chamam de ladrão, de bicha, maconheiro...transformam o país inteiro num puteiro...e segue por ai, nunca vi grandes valores no Barão (ou no Cazuza, enfim), mas eles tem meu respeito por conta de algumas músicas que realmente pegaram na veia.

E desliguei o som e fiquei pensando nesses versos, e pensando que por mais que tenham me xingado nessa vida, nunca me chamaram de ladrão ou bicha, e só meu digníssimo pai Coronel deve ter me xingado de maconheiro em algumas das freqüentes brigas quando eu ainda era um pirralho. Cada coisa que se pensa quando se bebeu além da conta no meio da semana...e fiquei pensando em todos os palavrões e adjetivos carinhosos que já usaram pra me definir...filho da puta safado provavelmente foi a expressão mais freqüente, mas ainda me chamam de canalha (ah, mas jura mesmo, Chuck?!?!), safado, escroto, desgraçado, sacana, e etc., etc, etc...e etc...by the way, é deprimente demais ficar lembrando disso...monstro? Também já me chamaram de monstro, mas querem saber qual foi o xingamento que mais me fodeu? Aliás, qual foi o único xingamento que realmente me deixou chateado, eu diria até mesmo magoado? (hey, parem de rir, eu também já fui um sujeito sensível e sujeito a magoas e trovoadas!!)

Vamos lá, eu devia ter uns 26, no máximo 27 anos, estava no meu primeiro casamento, já naquela fase em que o casório começava a cheirar a bosta molhada, mas o que aquela vaca gorda da minha primeira futura ex-esposa falava ainda importava algo. E um dia estava lá, tomando meu café da manhã, quando ela virou do nada e me chamou de grosso. Isso mesmo, só isso, só me chamou de grosso. E não foi um daqueles gracejos em forma de xingamento, onde você claramente está brincando com a pessoa, mas algo sério, profundo, algo que veio do fundo do pântano venenoso que ela chama de peito. Claro que se vocês a conhecessem saberiam que nada de ofensivo era dito uma única vez, sempre, tudo, ela tinha que engrenar a marcha e sair se repetindo,e repetindo, e buscando exemplos, e desencavando merdas do passado, e jogando na cara o que estiver à mão ou voltar à memória, despejando seu veneno e jorrando sua bílis, espezinhando, durante horas e horas. E horas. E horas. E chegando no escritório ela me ligou apenas para reforçar como eu era grosso, e pra dizer que eu não sabia tratar as pessoas, e me martelar durante horas. Disse que era um trogodlita, que tinha hábitos nojentos, que não sabia falar direito, que não tinha refinamento algum, que deveria ter vergonha de abrir a boca em público.

Eu não tenho nem nunca tive qualquer ilusão a respeito de ser um cara “legal”, sei que sou insuportável a maior parte do tempo, mas naquele dia específico, talvez por conta do ponto de rompimento em que estava meu casamento, ou simplesmente pela gratuidade do ataque, enfim, sei lá, sei que foi um dia miserável.

Como tantos outros dias de merda em casamentos de bosta.

Um comentário:

  1. Olá Chuck!!!

    Tb tive dias miseráveis no fim do casamento e não são nada agradáveis... Hj olho pra trás e dou risada. Pq o medócre do meu ex marido 5 anos depois da separação ainda veio dizer que me amava e queria voltar... bjs!!!

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