sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

De musa a bruxa, ou, a saga de um saco de pancadas!!

Sabe qual a diferença entre uma musa (questionável ou não) e uma bruxa? Tempo. Apenas isso, meus amigos. Tempo.

E não me refiro a idade da dita-cuja, estou falando de comportamento. Querem ver? Simples, peguem uma musa questionável qualquer de sua preferencia, toda cheia de dengos e louquinha para se divertir a valer – nesse estágio ela ainda é uma gata, gatinha, gatona, ou em alguns casos, loba – ah, o charme outonal das lobas....he he he...

Então o sujeito pega essa musa questionável, e tem a brilhante ideia de oficializa-la como namorada – pronto, a musa em questão já se aboleta no trono como “A Namorada”, e começa a dar pequenos pitacos na rotina do sujeito – “ - ai benzinho, você vai mesmo querer ver esse filme do Clint Eastwood?!?! Que horror...poxa, estreou o filme novo do fofo do Hugh Grant...” – prontinho, começaram os apelidos retardados e as “sugestões”, e ai do sujeito que cair na bobagem de se recusar a trocar um filme ao seu gosto por alguma comedinha melacueca, vai acabar a noite com a namoradinha alegando dor-de-cabeça e pedindo para ser deixada mais cedo em casa.

Mas daí o sujeito, não contente com esses pequenos dissabores, ( “- ah, nada a ver mano, ela só dá uns toques, nada demais...”) começa a dar asas pra sujeita – e gradualmente os toques e dicas se multiplicam exponencialmente, até o ponto em que ela passa a querer controlar todos os aspectos da vida do zumbi, aham, digo, namorado...dá palpites na roupa que ele veste, nos horários de academia, quantidades de vezes na semana que ele bebe sua cervejinha (sempre com ela, by the way), a forma como se relaciona com colegas de trabalho ou faculdade, diz o dia que ele precisa cortar o cabelo, determina quando mudar de carro (e ainda quer escolher cor e modelo, claro!!), reclama do tanto que ele fuma, bebe, fala alto, ri...passa a programar a seu bel-prazer férias, finais de semana, feriados, viagens, acampamentos, jantares, festas de aniversário, festas de fim-de-ano – tudo arrastando a sua digníssima “A Namorada” junto, ele que nem pense em fazer nada que goste sem ela – afinal de contas, só a criatura iluminada conhecida como “A Namorada” pode saber o que é melhor para ele e como ele pode mesmo se divertir, certo?!?!

E magicamente começam a aparecer certos itens no ex-cafofo do sujeito (digo ex-cafofo por que afinal de contas “A Namorada” já deu um jeito de melhorar a decoração do lugar, se é que não o fez mudar para um apartamento mais adequado, como ela mesma diz, “a alguém do meu nível, morequinho”), como uma escova de dentes extra, peças intimas femininas na sua antiga gaveta de meias (suas meias já estão socadas juntos com suas cuecas, cabron!!), roupas casuais femininas aparecem penduradas em seu armário, almofadas extras no sofá da sala (a essa altura já recoberto com uma daquelas cobertas de sofá metidas a besta – acho que chama mantô ou alguma bobagem assim), seus livros e cds passam a dividir espaço com outros de estilos totalmente diversos, mais femininos, digamos assim...ah, ia me esquecendo, ao mesmo passo que tanta coisa surge do nada, tantos outros itens desaparecem, como antigas fotos com ex-namoradas, revistas de mulher pelada em geral, aquela roupa de jogar bola aos finais de semana, e qualquer objeto que o sujeito possa utilizar para se divertir por si só, sem precisar da anuência, aval, autorização e a sacrossanta companhia de sua “A Namorada” – ou será que a essa altura do campeonato ela já está na próxima fase da mutação de-musa-a-bruxa, já assumiu uma das formas mais insuportáveis que existem, “A Noiva”.

E conformado, o bundamole repara que ao longo dos anos seguintes vai se pegar cada vez com mais frequência se perguntando onde foi parar aquele objeto, cd, livro, retrato, roupa velha e confortável...e se pega olhando a casa que deveriam dividir de forma mais ou menos igual cada vez mais atulhada de coisas dela, das amigas dela, da mãe dela, da família dela, e cada vez com menos espaço para suas coisas...

Eu sei, eu sei, deve ter gente por ai dizendo “- ah, esse Chucky não sabe de nada, minha namorada é diferente, é especial, ela nunca faria isso!!” – claro, claro, pequeno zumbi, sua namoradinha é a única no mundo, imagina se eu vou dizer que TODA mulher age assim, basta ter espaço...longe de mim dizer que esse senso de apropriação do espaço alheio, essa gana psicótica em querer transformar seu namorado em algum tipo de boneco ou bichinho de pelúcia é parte integrante, congênita e inalienável da personalidade feminina, que toda mulher, TODA, sem exceções, quando encontra espaço e temperatura adequados vai agir assim, mais cedo ou mais tarde...o quê? Você acha mesmo que sua namorada é diferente, que ela te deixa livre e respeita seu espaço e opinião? Sinto lhe dizer, garotão, mas das duas uma, ou ela está armando o bote de forma tão sutil que você ainda não percebeu, ou o processo de lavagem cerebral, castração social e dominação com anulação total já deve estar completo – e você ainda a defende, pelamordeDeus!!!

Ah, mas você acha que elas só tem esse jogo? Não, não seja ingênuo...elas mudam a estratégia, de repente ela resolve bancar a boazinha e compreensiva. Passam então a “deixar” (veja que boazinha que ela é...he hehe...) você fazer algo que você jura que é ideia sua, quase como uma dádiva divina – mas sempre resta aquele aviso no ar “ – aproveite bem, morecuxinho, por que você nunca vai saber quando poderei acordar de ovo virado e CORTAR SUAS REGALIAS DE NOVO!!!”.

E assim segue a saga até seu triste fim, até o ponto em que você acorda no meio da noite e olha sem reconhecer a figura ao seu lado, seus traços são familiares mas sua expressão o assusta, e sabe que se se mexer demais na cama ela acordará e começará a reclamar, e irá dizer como você é uma decepção, como não faz nada direito, que ela devia ter ouvido a mãe dela e nunca ter se envolvido com um sujeitinho como você – ok, exagerei um tanto, mas garanto que muitas vezes esses pobre-coitados sem alma, personalidade e opinião já se sentiram quase assim, já sentiram que não importa o que façam ou digam, tudo será sempre criticado e insuficiente,

(nesse ponto não posso deixar de lembrar de um verso de um dos velhos blues...” I'm tired of living just to fulfill your dreams, waiting the day I’ll die...”,

e só lhe restará pegar uma velha mochila (se é que “A Namorada” já não jogou fora todas as mochilas velhas, até mesmo uma que ele tinha desde a adolescência), enche com umas mudas de roupa e simplesmente SOME NO MUNDO!!!


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