domingo, 14 de abril de 2013

Memória seletiva


Sexta a noite e eu me mando pro boteco da temporada – alias, temporada esta que parece destinada a ser de reencontros, continue lendo e irá entender.
Estava por lá quando bati o olho numa daquelas musas questionáveis de uma noite, vocês sabem como é o esquema, passamos uma noite agradável juntos, nos divertimos a valer até o dia amanhecer, e cada um pro seu lado. Isso tudo tem uns dois anos, eu acho. Pelo que me lembrava, ela era até que legal(zinha), mas sem grandes novidades. Sexo ok, limpinho e intenso, sem grandes rompantes ou taras específicas. Uma bela representante da espécie one night standing de encontro.
Geralmente eu me considero um bom fisionomista; não me perguntem nomes, mas não costumo esquecer um rosto, especialmente um rostinho bonito de uma de minhas musas questionáveis. Ou pelo menos, não costumava esquecer. Admito que de uns tempos pra cá está ficando cada vez mais difícil me lembrar de muita coisa sobre elas, além do quadro geral – geralmente me lembro bem de algo especifico sobre a trepada em si, mas os rostos, nomes e alguns detalhes anatômicos específicos acabam se perdendo um pouco (anyway, acho que posso sempre colocar essa falta de memória na conta do whiskey, he he he...). Outro dia mesmo fui pego de surpresa quando um amigo, outro canalha dos velhos tempos que esbarrei ao acaso num dos botecos da vida, elogiou as tattoos parcialmente visíveis da musa questionável que conhecêramos no final de semana anterior. Porra, me lembrava da garota, de alguns detalhes acrobáticos da trepada, do jeito quase histérico como ela gritava quase gargalhando ao gozar (sério, achei que fosse ficar surdo naquela noite!), mas nem em um zilhão de anos iria me lembrar de detalhes das tattoos dela. E olha que me amarro em garotas tatuadas, mas isso já seria um outro post!
 Então, recapitulando: estou lá no boteco e entra a garota, me lembro que já a conheço e também de alguns flashs do tempo que passamos juntos, mas nem fodendo que me lembro seu nome, profissão ou alguma informação extra. Ela me vê, e com uma daquelas corridinhas irritantemente saltitantes vem em minha direção, como se reencontrasse um velho amigo – tecnicamente, acho que me enquadro na definição, desde que ela não tenha grandes exigências para amizades.
Ficamos conversando, aqueles papinhos de sempre – nossa, você sumiu, nunca mais ligou, tudo bem, eu não encano, sei como é, blá, blá, blá... – e seguimos noite adentro, e nada de me lembrar do nome da sujeita. Ainda tentei expiar a comanda dela, ou seguir rezando pra algum conhecido dela pintar no lugar e chama-la pelo nome, mas nada de nada. Talvez fosse algo com A, como Aline, Andreia, ou seria algo como Denise? Regina? Renata? Ou talvez algum apelidinho tipo Bel, Bete, Rô, Rê, Sil, ah, sei lá. Me lembrava vagamente dela ser de fora de Sampa, mas não de muito longe, algo como Campinas, Sorocaba, Americana, ah, sei lá (de novo). Claro que nessas horas um canalha de estirpe e vagabunda classe como eu sabe se virar, e sigo chamando-a de anjo, gata, linda, e por ai vai...e a noite foi seguindo, eu já aos beijos e amassos com ela (serviu pra refrescar minha memória, ela faz um fellacio de outro mundo!!), e achando que tudo ia bem, quando não sei o que houve, não sei que bola fora dei, só sei que ela se ligou, quase que por encanto, que eu não me lembrava direito dela – e vai explicar pra bela que me lembrei até das habilidades orais dela, mas não do bendito nome!
E naquele momento mais constrangedor da noite, a garota me intimou “– esqueceu meu nome, Chuck?!?”.Claro que tentei, armado com meu melhor sorriso canalha, desarmar a bomba-relógio prestes a explodir, mas não deu muito certo não...e dá-lhe palavrões, xingamentos, tapinhas afrescalhados, e o já tradicional desfile-padrão de adjetivos – canalha, cachorro, cafajeste (por que será que sempre começam com os três “ca’s”?!?), idiota, manipulador, insensível (será que elas realmente acham que isso me ofende?he he he...), você acha que está com essa bola toda, seu cafajeste?!? (devo responder dizendo que se não estivesse com essa bola toda ela não teria caído de novo na minha lábia?he he he...).
Moral da história, compadres...na próxima vez, o negócio é não dar tempo pra garota pensar muito antes de virar pra ela e já perguntar na maior cara de pau “– Como é mesmo seu nome, anjo?”.

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