segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sem título engraçadinho dessa vez...

...ou, uma noite a ser esquecida!

Eu me considero um cara relativamente calejado, que já viu de quase tudo nessa vida, e achei que já conhecesse alguns dos pontos mais baixos e decadentes do ser humano. Eu estava enganado. Profunda e irremediavelmente enganado.

Sábado passado descobri realmente a que ponto pode chegar a degradação humana.

Arrastado por um amigo, na verdade provavelmente um dos últimos amigos que ainda me aturam (ainda bem que ele não lê esse blog, ou deixaria de me aturar em dois segundos), fui a um boteco que consegue ser abaixo do meu raso padrão de qualidade, com a promessa de que o lugar estaria lotado das “garotas heavy-metal mais fáceis de São Paulo” (palavras dele, não minhas), onde teríamos cerveja boa e gelada no open bar e bandas de primeira detonando clássicos dos anos de ouro do heavy metal (seja lá o que isso queira dizer, by the way).

Meus amigos, eu devia ter virado as costas e rumado para os botecos de sempre quando vi um cartaz mal feito pendurado na porta do lugar, que dizia mais ou menos o seguinte

FESTA DO FAROL - IMPERDÍVEL!!

PULSEIRA VERMELHA – CAI FORA!
PULSEIRA AZUL – PODEMOS CONVERSAR!
PULSEIRA VERDE – CAI DENTRO QUE EU TÔ FÁCIL

Os termos não eram bem esses, mas deu pra ter uma ideia. Na verdade eu dividiria os “pulseiras verdes”, ou verdinhos como passei a pensar neles em duas categorias – a dos moleques cabaços desesperados achando que uma pulseirinha iriam deixa-los cobertos de sexy-appeal e a das garotas apiranhadas que topavam tudo depois de um certo grau alcoólico.

Mas bastava escolher um canto do balcão para ver as bandas que a coisa não poderia piorar, certo? Errado!

É difícil lembrar de forma linear o desfile de horrores, mas o que seria pior do que o open bar podre e tosco a um ponto que era quase impossível beber? Ver uma garota vestida apenas de microssaia de napa e sutiã, se arrastando pelo chão sujo e molhado do lugar, balbuciando algo ininteligível, enquanto bandas que não sabem tocar três acordes seguidos fazem poses de sucessores naturais do Iron Maiden? Os verdinhos sacudindo suas pulseiras na cara das garotas do lugar, apenas para serem ignorados como os cabaços que são ou a feiúra reinante no ambiente (raramente vi tanta gente feia e mal-vestida junto no mesmo lugar)! Moleques se acotovelando em troca de um copo de bebida num balcão de menos de um metro, ou esses mesmo moleques caindo de bêbados pelos cantos, depois de tomarem algo verde com cara de combustível de foguetes? Sujeitos magricelas tirando a camiseta como se fossem arrasar os corações femininos (apenas para continuarem a ser ignorados) ou um sujeito de quase dois metros de altura, gordo e suarento,  tentando disfarçar sua careca com mullets ensebados, abraçando todo mundo como se fossem seus amigos de infância? Sujeitos cambaleando bêbados e gritando como loucos sem o menor motivo ou gente se pegando e trocando de parceiros como trocam de camiseta? Toda aquela euforia ébria, enquanto alguém repetia, repetia, repetia o final de cada frase, sem nem perceber?

Também, o que esperar numa maldita “festa do farol”? Finesse e refinamento da plebe ignóbil, da massa inculta e o que é pior, orgulhosa da própria ignorância?

Na verdade sei o que me deixou mais deprimido – ver uma garota gordinha, no começo dos seus vinte anos, vestida como uma prostituta e bêbada como um maldito gambá, que entre ânsias de vomito ficou boa parte da noite se esfregando num poste de forma nauseante numa imitação deprimente de pole dance, com uma expressão de desespero no rosto, quase um pedido de socorro, um grito desesperado para se sentir sexy, amada ou simplesmente desejada, apenas para conseguir tropeçar no cabo da guitarra e ser expulsa do palco e voltar para seu sufocante anonimato.



Depois dessa noite, meus botecos vagabundos habituais, com suas musas questionáveis e bebida a preços cruéis, ganharam vários pontos comigo.

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