quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Quem disse que canalhas não podem ter coração?



Alguns anos atrás, conheci uma garota única, alguém que mesmo a distância poderia ter abalado as estruturas por aqui. Desde os primeiros contatos por e-mail (hey, quem falou que velhos canalhas não podem aprender novos truques, humpf?), sentimos uma profunda afinidade, uma empatia forte nos envolveu.

Sim, ela era verdadeiramente especial, uma garota guerreira, batalhadora, meio confusa em relação a algumas coisas da vida, mas talvez por isso mesmo, por essa fragilidade em contraponto a vida fodidamente ralada que ela tinha, uma mulher incrível!

As vezes fiquei com a impressão de que ela me via como um maldito cavaleiro andante, algum tipo de Sir Lancelot. Não sei, por incrível que pareça, ela conseguia enxergar algo de bom em mim, algo que ela dizia ficar além da fachada – pra mim, só podia ser uma projeção da sua própria necessidade de ter um príncipe encantado em sua vida. Acho que, levando-se em conta como ela é bonita, gostosa e inteligente, a maioria dos caras por ai ficariam muito felizes com esse papel, e se eu fosse um outro tipo de sujeito, algumas histórias poderiam ter sido diferentes. Poderiam, vejam bem.

Mas sou como sou, e não adianta querer mudar – chegou perto demais, eu me afasto, isso é fato. Prefiro guardar boas memórias, bons momentos a ter que ver a coisa toda degringolando, ver mais uma garota incrível ir apodrecendo até virar uma fonte de reclamações, cobranças e dores de cabeça. Prefiro lembrar dela para sempre como minha doce amiga lulynx (nem tentem traduzir, isso era coisa nossa) do que vê-la virar uma dona onça.

Onde diabos o Chuck quer chegar com essa historinha pra boi dormir? Calma que já chego lá.

E voltando a minha amiga, tempos atrás ela se mudou para o RJ, voltou a morar com o pai depois de longos anos apedrejando o coitado – adivinhem,  a mãe dela pintou a caveira do coitado, só por que ele se atreveu a buscar uma vida mais feliz longe do casamento. Mas isso é uma outra história.

Chegando ao Rio, reencontrou um velho amigo, se pegaram apaixonados e casados em questão de meses (sim, ainda existem otários que se casam assim, mas quem sou eu pra julgar alguém?), e hoje cedo recebi um e-mail dela, que motivou essa sincera homenagem – se é que pode se chamar algo por aqui de sincero, by the way. No e-mail, ela me dizia que estava grávida, feliz, e que queria que eu fosse o padrinho da criança. Se não houvesse uma lápide no lugar do velho coração, se o cinismo não imperasse, juro que ficaria emocionado. Hey, sério mesmo, puta gesto bonito.

É isso ai, só posso torcer para que o mundo deles não seja tão podre como o meu, e que ao bacurinho venha cheio de saúde.

Mas não vou trocar fralda de ninguém, nem pense nisso!

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