Quando penso em olhares, logo de cara dois me vem a cabeça – ou seria veem a cabeça? Não sei... - Bette Davis ‘eyes e Olhar 43, culpa dos meus anos de esbornia nos cada vez mais distantes anos 80.
Mas esse preâmbulo foi só pra desfilar um pouco da minha aparentemente inesgotável cultura inútil (ou se quiser me quebrar um galho, chame de “cultura pop”,que pra mim tanto faz), na verdade os olhares que me levam a esse post não se comparam a nenhum dos dois.
Ok, vamos lá: sábado estava bebericando doses de uísque vagabundo no meu boteco favorito da temporada (sou assim mesmo, quando elejo um boteco para me aturar fico praticamente monobotequidico, se é que essa palavra existe), vendo o movimento e avaliando se valeria a pena arrastar asa pra cima de alguma das pequenas musas presentes, quando percebi estar sendo seguido pelo olhar ávido, provocador e provocante (não, não é redundante, pense bem e verás que são coisas diferentes, meu bom) de uma de minhas musas questionáveis de tempos recentes, uma pequena verdadeiramente adorável e que seria uma deliciosa exceção à regra canalha number #435-e – que pode ser traduzida pela deliciosamente desavergonhada expressão “figurinha repetida não completa álbum” - caso não estivesse acompanhada.
Isso mesmo, caros amigos, acompanhada - e não por um tipo qualquer, mas de bracinhos dados e abracinhos adoráveis com seu NOIVO recém-chegado de viagem, com quem divide apartamento no melhor estilo lovely couple, e com quem irá se casar em algumas semanas.
Isso mesmo, caros amigos, acompanhada - e não por um tipo qualquer, mas de bracinhos dados e abracinhos adoráveis com seu NOIVO recém-chegado de viagem, com quem divide apartamento no melhor estilo lovely couple, e com quem irá se casar em algumas semanas.
Sim, aqueles bons de dois-mais-dois já devem ter percebido que ela já era noivinha casadoira de casalzinho-cutis-cutis quando nos pegamos aos beijos e amassos semanas atrás (e pelo meu Santo dos Canalhas se não dormimos nos mesmos lençóis que ela divide com seu noivinho!!). E na sessão “depois o canalha sou eu”, a pequena passou grande parte de noite me procurando com o olhar, parecendo querer uma dose de revival.
Mas como o mar não estava mesmo para peixe, lá pelas tantas da madrugada a noite de beberagens foi perturbada por outro olhar, o de uma bonequinha, garota mal entrada nos seus vinte e poucos anos, toda gostosinha e cheirosinha, situada estrategicamente em algum ponto entre a sobriedade e o pilequinho pueril, que fez o mais antigo jogo do universo feminino – olhares, sorrisos, jogada de cabelo, mais olhares, apenas para recepcionar com um antipático “Oh, mas eu tenho namorado!” as investidas dos pobres sujeitos que tiveram o azar de se encantar por seus dotes.
Até quando nós homens vamos nos enganar pensando que temos algum poder sobre essas fortuitas relações de uma noite? Parafraseando um velho ditado, quando uma (mulher) não quer, dois não beijam! Podemos posar de machões e efetivamente escapulirmos na manhã seguinte, podemos nunca ligar para os celulares anotados nos guardanapos, mas estamos total e tolamente à mercê da vontade feminina, aos achaques e critérios ininteligíveis da alma-fêmea.
E acredite-me, caro amigo, essa alma pode ser muito cruel. Adorável e necessária, mas cruel.
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