segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Luto

Esse talvez tenha sido um dos piores finais de semana da minha vida.

Sexta-feira fiquei sabendo que uma grande amiga minha passou dessa pra melhor.

Vocês leram certo, amigA e não amigO, afinal de contas tenho sim algumas amigas, tão raras quanto valiosas.

Helo, a caçulinha da velha gangue, mion na altura mas gigante de coração. Ela era especial demais, talvez a mais especial, um tipo meigo mas durona, divertida até quando estava puta da cara com alguém – acreditem-me, ela sabia como ninguém como desancar neguinho folgado, deixava o sujeito com cara de taxo, sem saber se caia na gargalhada ou se se enfiava debaixo da mesa.

Se me perguntassem o que mais me lembro dela, certamente diria que era o riso fácil, e a cor dos cabelos – ou melhor dizendo, as cores. Loiro, castanho, preto, descolorido. azul, vermelho, roxo, verde, escolham a cor que vocês quiserem que ela provavelmente já teve uma mecha ao menos dessa cor. Cada vez que a encontrávamos era uma surpresa, até mesmo quando a surpresa era justamente o repeteco do visual do final de semana anterior. Cortes então, podem escolher também – que me lembro, foram do hippie anos 90 até algo como um corte Betty Boop, passando por todos os cortes imagináveis. E ela ficava linda com todos eles.

Que merda, ela adorava essa porra de carnaval, dizia que tinha nascido numa sexta-feira de carnaval, não importando o que dissesse sua certidão de nascimento. Ah,  Helo...

Amigona de quem era seu amigo, pronta para o que der e vier, fosse brigar, fosse amar, companheira de horas e horas sem fim de bebedeiras, risadas, e eventualmente, algo mais. Sem cobranças, sem nhem-nhem-nhem, mas também sem papas na língua – quando pisei na bola com ela, recebi o recado direto e reto, sem delongas. Sabia como ninguém como levantar a sobrancelha e de dedo em riste enquadrar um bêbado sem alma como este velho cachorro aqui.

Pensando agora nela, fico lembrando da opinião que ela tinha sobre minha primeira esposa – “Chucky, quando a coisa toda der merda, você sempre vai saber onde me encontrar...” – engraçado, ela era a única que me chamava de Chucky, no diminutivo , ou como aquele boneco assassino dos filmes, droga de memória dolorosa do cacete!!

Ontem, depois do enterro, juntamos alguns dos sortudos malditos que tiveram o prazer sem fim de conhecê-la para beber sua morte, acho que tem alguma cultura em algum lugar dessa porra de mundo que tem esse hábito, mas não me pergunte qual. Infelizmente, a cada bebemoração fúnebre, o grupo parece menor. O pior disso tudo é que sempre achei que seria o primeiro da velha gangue a morrer, mas ando ficando pra trás. Talvez tenha achado minha função nessa merda de mundo, assistir ao enterro dos meus amigos.

Chega, tá ficando foda de escrever...ela vai fazer uma falta do caralho, tá foda de imaginar esse mundo sem poder receber uma ligação fora de hora dela pra comermos burritos ou darmos uma volta pelo Centrão.



P.S.: escrevi o post acima ontem, domingo, mas por alguma merda qualquer acabei salvando-o sem publica-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário