sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A saga da psycholawyer

Tenho que ser sincero – dessa vez mereci me foder!

A garota tinha todos os sinais de encrenca, ignorei todos e quase me estrepei.

Veja só, vocês vão entender; sigam-me os canalhas!

Conheci a garota pela internet, e as fotos da página dela eram deliciosas - riso lindo, rosto perfeito, um puta cabelão (como me amarro num cabelão!!) e um par de seios que era algo a ser imortalizado do ladinho da Venus de Milo no museu! Altura certa, cheinha nos lugares certos (confesso totalmente minha queda pelas ligeiramente gordinhas, curvas, curvas e mais curvas!), perfil bacana, uma garota rock’n’roll (Deus sabe que me amarro numa metal queen...he he he...). Para ajudar, era amiga da hostess de um lugar que costumava frequentar, o que já era uma ponte a mais para conhecer a cidadã.

Quando tentei me aproximar dela no facebook, recebi uma bela porta na cara. Geralmente nesses casos é tudo bem, bola pra frente e next! Mas como eu já havia perguntado dela para a sua amiguinha-hostess, a criatura que viria a se tornar a psycholawyer resolveu me mandar um insinuante recadinho, dizendo que sabia que eu tinha perguntado dela e tinha ficado curiosa a meu respeito também, mas que nunca aceitava convites de estranhos – vejam só, que boa moça, não é um docinho? Bitch!!

Foi ai que começou a merda toda. Primeiro, queria meu MSN; depois, meu celular – e o tonto aqui, o cérebro derretido por anos de consumo excessivo de whiskey, resolveu ceder (afinal de contas, que mal poderia ter, né? Putaquemepariu!!).

Começamos então a conversar pelo MSN, ela acabou entrando no meu falecido facebook, e fui descobrindo mais sobre ela: vinte e tantos anos, advogada bem sucedida, e como fui descobrir depois de uma das piores formas possíveis, com altos contatos na Secretaria de Segurança Pública do nosso Estado. Só eu mesmo para ter tamanho dedo podre.

Depois de conversarmos por alguns dias, marcamos de nos encontrarmos justamente no boteco onde a amiga dela trabalhava. Dois segundos depois de bater os olhos na guria, estávamos deliciosamente atracados. E assim continuamos noite a dentro. Ela me pareceu naquela noite o meu tipo de garota, afinal de contas bebia e praguejava tanto quanto eu (belos critérios de seleção, não?).

Continuamos nos falando por MSN, e nos vendo de vez em quando – um happy hour ali, um jantarzinho aqui, um cinema acolá (ok, pode abaixar a mão ai no fundo, eu sei que revelo mais um flagrante caso de desrespeito a já famosa regra sobre figurinhas repetidas...), mas com o tempo comecei a notar aqueles enervantes sinais de “oh, oh, a garota está se apaixonando, hora de cair fora”, os olhinhos brilhando, aquele sorriso meio tonto nos lábios (devo confessar, que sorriso lindo e que boca deliciosa...he he he...), aquela mania que querer ficar abraçadinha, cabeça encostada no meu peito, só respirando; enfim, rapaziada, tudo que um sujeito decente poderia querer numa namorada – vejam bem, DECENTE, não um tipinho como eu.

Olha só, logo que começo a sair com alguma garota, deixo bem claro quais são as regras da casa – sem envolvimento, sem essa de namorinho. E tenho algumas poucas amigas que souberam respeitar essa minha postura e manter a coisa num nível de envolvimento seguro, são figuras adoráveis, agradabilíssimas para sairmos de vez em nunca e bebermos algo, e que sinceramente dão um sabor todo especial para questa vita maledetta, mas a minha doce futura psycholawyer não conseguiu segurar a onda, partindo para ataque de paixonite aguda.

Tentei delicadamente ir me afastando dela, tentando não magoar a pequena – afinal de contas, até então ela não tinha feito nada contra mim, muito pelo contrário. Inventei viagens, doenças, sumiços, horas-extras, resumindo, fiz aquele jogo habitual de afastamento, o que modéstia a parte é uma espécie de especialidade minha.

Aí rapaziada, a vaca foi pro brejo! E começou o tormento,  recados sem fim no facebook, mensagens cabeludas no MSN (era ligar o coitado pra despencar a uma lista de xingamentos e ofensas), depois ligações a cada cinco minutos pro meu celular (sim, cambada, eu fiz essa cagada, dei meu número pra ela!! Não falei que nesse caso eu tinha mesmo merecido me foder??). Mas até esse ponto, era tudo direcionado pra mim, então sinceramente estava johnnywalker+activiando para o chilique dela, achei que era questão de tempo para ela sossegar o facho.

Manja a expressão antissala do inferno? Pois é,  o pior ainda está por vir!

Não conformada com o que já tinha feito, nossa pequena psycholawyer resolveu levantar o telefone da corretora onde trabalho, passando a bombardear meu ramal com ligações o dia todo; mas não, não parou por ai – ela passou a ligar pro meu supervisor, me achincalhando! Depois tentou entrar no facebook da minha irmã, dizendo cobras e lagartos, e passou a ligar na casa da minha mama para me xingar! Agora imaginem num domingão a tarde a minha nonna atender o telefone e ouvir cobras e lagartos dessa putinha? E eu chegar em casa do trabalho e dar de cara com ela na porta do prédio – diabos, como esse bitch conseguiu até meu endereço e todos os contatos que usou? Alguém falou em SSP?

Afinal de contas, como era possível que eu não estivesse perdidamente apaixonado por ela como ela estava por mim, como eu podia negar que tínhamos sido feitos um para o outro, fugir de todas as energias cósmicas que diziam a ela que eu era o homem da vida dela, que iríamos ter quatro filhos e morar na mansão dos pais dela, que teríamos aqueles absurdos apelidinhos carinhosos dignos dos mais bacanas casais dos filmes (algo como Hugh “boquetinho da Divine” Grant e Julia Roberts num filme da sessão da tarde!!). Onde já se viu deixar escapar uma garota como ela, com uma carreira brilhante, filha de família quatrocentona, criada nos melhores colégios da cidade!

Nunca passou pela cabeça dela que não importa o quanto ela esteja acostumada a mandar e desmandar nos coitados do escritório dela, ou o quanto ela costumava fazer e acontecer pra cima dos antigos namorados dela, eu não estou interessado, baby??

O inferno durou algumas semanas, durante as quais fiquei me sentindo como um maldito fugitivo, vendo carros filmados suspeitos por toda a parte e pulando cada vez que aparecia uma ligação diferente no celular; mas de repente, de forma tão repentina como havia começado, a tempestade passou e ela sumiu por meses.

Mas como merda no ventilador nunca é demais, recentemente ela reapareceu, mansinha, mansinha – primeiro, um e-mail-docinho, perguntando sobre mim; depois voltou a aparecer no MSN (onde a mantenho devidamente bloqueada, for sure!), e de umas semanas pra cá começou uma singela campanha dizendo que quer me ver, que não quer mais brigar comigo, mas que quer me ver pelo menos uma última vez, só uma, umazinha,  vai?

Sabe o que é pior, brother? Ela nunca se desculpou por toda merda que jogou no ventilador, por ter levado minha nonna pro hospital com crise de pânico, por ter infernizado minha vida e quase ter feito com que eu perdesse meu emprego de tanto que azucrinou o pessoal da corretora, nunca se desculpou pelas noites maldormidas, quando ela me ligava as três da matina me xingando de tudo que é palavrão, ou por ter quase fodido meu maldito esquema nessa vida de merda.

Nem por me fazer ficar meses sem ir num dos meus botecos favoritos! Vê se pode?Que vaca!

Agora olha bem pra minha cara e veja se eu vou chegar a menos de dez quarteirões dessa vaca prepotente? Se vou mais uma vez me envolver com alguém que não sabe respeitar minha postura de vida e minhas opiniões, de alguém que tentou me acorrentar a um modelo de casal 20 que só existe na cabeça PODRE dela? Mas nem fodendo!

Ufa, valeu como desabafo! Esse negócio de blog é bem mais barato do que 15 anos de terapia! E vambora que hoje é dia de encher a cara, professional-style!

2 comentários:

  1. Chuck, sua história é assustadora, um conto de terror mesmo. E justifica plenamente o título do seu blog. Estou realmente impressionado.Ah, se pudéssemos detectar esse tipo de louca antes que elas destruíssem nossa vida... Saudações canalhas.

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  2. Prezado Alex,

    Quem me dera isso fosse algum tipo de ficção, mas infelizmente é apenas um breve relato de uma das piores cagadas da minha vida - e olha que a lista é gigantesca!

    Saudações,

    Chuck

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